Git é um sistema de controle de versão distribuído e um sistema de gerenciamento de código fonte, com ênfase em velocidade. O Git foi inicialmente projetado e desenvolvido por Linus Torvalds para o desenvolvimento do kernel Linux, mas foi adotado por muitos outros projetos.
Cada diretório de trabalho do Git é um repositório com um histórico completo e habilidade total de acompanhamento das revisões, não dependente de acesso a uma rede ou a um servidor central.
O Git é um software livre, distribuído sob os termos da versão 2 da GNU General Public License. Sua manutenção é atualmente supervisionada por Junio Hamano.
Nome
Quando perguntado sobre o nome, Linus Torvalds satirizou sobre o nome "Git", que é uma gíria em inglês britânico para cabeça dura, pessoas que acham que sempre tem razão, argumentativas, podendo ser também pessoa desagradável ou estúpida, dizendo:
Eu sou um egoísta degenerado, batizo todos os meus projetos com meu nome. Primeiro Linux, agora Git.—Linus Torvalds (em inglês) I'm an egotistical bastard, and I name all my projects after myself. First Linux, now Git.
Isto é especialmente irônico, pois o próprio Linus resistiu à idéia de escolher o nome Linux para o núcleo do sistema operacional, criado por ele.
Na wiki oficial, há explicações alternativas do próprio Torvald, explicando que git pode significar qualquer coisa, depende de seu humor. Podendo ser, meramente uma combinação de três letras pronunciáveis e não utilizadas atualmente por nenhum comando comum do UNIX; o retro acrônimo de Global information tracker, em português, Rastreamento global de informações; Ou, quando ele trava, "Goddamn idiotic truckload of sh*t"
História Inicial
O desenvolvimento do Git surgiu após vários desenvolvedores do kernel (núcleo) do Linux decidirem desistir de acessar ao sistema do BitKeeper, que é um software proprietário. O acesso gratuito ao BitKeeper foi removido pelo detentor dos direitos autorais, Larry McVoy, depois de acusar Andrew Tridgell de usar de engenharia reversa nos protocolos do BitKeeper, alegando violação da licença do mesmo. Tridgell demonstrou, em uma apresentação na Linux.Conf.Au, realizada em 2005, que o processo de engenharia reversa utilizado não foi mais do que simplesmente direcionar um telnet para a porta apropriada de um servidor BitKeeper e digitar "help (ajuda)".
Torvalds queria um sistema distribuído que ele pudesse utilizar de forma similar ao BitKeeper (BK), mas nenhum dos sistemas gratuitos disponíveis atendia suas necessidades, particularmente com relação à performance. Segue abaixo uma parte retirada de um e-mail, de 7 de Abril de 2005, escrito enquanto desenvolvia seu primeiro protótipo:
De qualquer forma, os SCVs que olhei dificultam as coisas. Uma delas (a maior delas, na verdade) que estive trabalhando é fazer este processo ser realmente eficiente. Se leva meio minuto para aplicar um patch e ainda lembrar o que mudou, etc (e francamente, isso é rápido para a maioria dos SCVs por aí para um projeto do tamanho do Linux), daí uma série de 250 e-mails (que não é estranho acontecer quando eu sincronizo com o Andrew, por exemplo) demora duas horas. Se um dos patches no meio do processo não é aplicado, as coisas ficam realmente muito feias.
Agora, o BK (BitKeeper) não era um inferno também (na verdade, comparado com todo o resto, o BK é um inferno em velocidade, geralmente em uma ou duas ordens de magnitude), e levou cerca de 10-15 segundos por e-mail quando mesclei meus arquivos com o Andrew. MESMO ASSIM, com o BK isso não era um problema tão grande, visto que mesclas de arquivos de BK←>BK eram tão fáceis, eu nunca precisei das lentas mesclas por e-mail com nenhum dos outros desenvolvedores principais. Então um "mesclador" de um SCV baseado em patches precisaria ser realmente mais rápido que o BK. O que realmente é extremamente difícil.
Então eu estou escrevendo alguns scripts para tentar alinhar tudo mais rápido. Indicações iniciais são de que eu poderei fazer isso tão rápido quanto eu aplico patches, mas para ser franco, estou no máximo com metade pronto, e se eu estiver na direção errada, talvez essa não seja a mais pura verdade. De qualquer forma, a razão de que eu consigo criar tudo isso tão rápido é que meus scripts não serão um SCV, serão tipo um "registro de estado do Linus" bem específico. Isso vai fazer minhas mesclas lineares de patches muito mais eficientes no tempo, e nestas condições, possível.
(Se a aplicação de um patch demora três segundos, até mesmo uma série grande de patches não é um problema: se eu for notificado em um minuto ou dois que falhou na metade do caminho, sem problemas, eu posso então simplesmente arrumar manualmente. É por isso que a latência é crítica - se eu tivesse que fazer as coisas efetivamente "desconectado", eu não poderia, por definição, arrumar as coisas quando problemas aparecessem).
Torvalds teve vários critérios para o projeto:
- Tomar o CVS como um exemplo do que nãofazer; na dúvida, tomar exatamente a decisão contrária. Para citar Torvalds, de certa forma mordendo a língua:
- "Nos primeiros 10 anos de manutenção do kernel, nós literalmente usamos patches de tarballs, o que é muito superior como controle de versão que o CVS, mas eu acabei usando o CVS por 7 anos em uma empresa comercial [Transmeta] e eu odiava de paixão. Quando eu digo que eu odiava de paixão, eu também tenho que dizer que, se houver algum usuário de SVN (Subversion) na platéia, talvez você queira sair. Porque meu ódio pelo CVS significa que eu vejo o Subversion como sendo o projeto iniciado mais sem objetivo de todos os tempos. O slogan do Subversion por um tempo foi "CVS feito [do jeito] certo", ou algo assim, e se você começa com esse slogan, você não vai a lugar nenhum. Não tem como o CVS fazer [do jeito] certo."
- Suportar um fluxo distribuído, como o BitKeeper
- "O BitKeeper não foi simplesmente o primeiro sistema de versionamento que eu senti que absolutamente valia a pena, foi também o sistema de controle de versão que me ensinou porque eles tem um objetivo, e como você realmente deve fazer as coisas. Então o Git, de várias formas, mesmo que de uma visão técnica muito diferente do BitKeeper (e isso foi outro objetivo de projeto, porque eu queria deixar claro que não era um plágio do BitKeeper), muitos dos fluxos que usamos no Git vieram diretamente dos fluxos que aprendemos com o BitKeeper."
- Várias firmes proteções contra corrompimento de arquivos, seja por acidente ou origem maldosa
- Alta performance
Os primeiros três critérios acima eliminam cada controle de versão pré-existente ao Git, exceto pelo Monotone, e o quarto elimina todos. Então, imediatamente depois de liberar a versão 2.6.12-rc2 de desenvolvimento do kernel do Linux, ele começou a desenvolver o seu próprio.
O desenvolvimento do Git começou em 3 de Abril de 2005. O projeto foi anunciado em 6 de Abril, e tornou-se auto-hospedeiro no dia 7 de Abril. A primeira mescla de arquivos (merge) em múltiplos ramos (branches) foi realizado em 18 de Abril. Torvalds alcançou seus objetivos de performance; em 29 de Abril, o recém-nascido Git se tornou referência ao registrar patches para a árvore de desenvolvimento do kernel do Linux na taxa de 6,7 por segundo. No dia 16 de Junho, a entrega do kernel 2.6.12 foi gerenciada pelo Git.
Mesmo que fortemente influenciado pelo BitKeeper, Torvalds deliberadamente tentou evitar abordagens tradicionais, levando a um design único. Ele desenvolveu o sistema até que fosse possível sua utilização por usuários técnicos, entregando então a manutenção do software para Junio Hamano, um dos principais colaboradores do projeto, em 16 de Julho de 2005. Hamano foi responsável pela entrega da versão 1.0 em 21 de dezembro de 2005, e continua como responsável pela manutenção do mesmo.
Desenho
O desenho do Git foi inspirado no BitKeeper e no Monotone. Seu desenho original era de um controle de versão de baixo-nível, de forma que outros pudessem desenvolver interfaces em cima dele, como por exemplo o cogito ou o StGIT. No entanto, o núcleo do projeto do Git se tornou, desde então, um sistema de controle de versão completo que pode ser diretamente utilizado.